O uso de IA no contexto acadêmico e científico é mais grave que plágio!

A utilização da inteligência artificial para gerar conteúdo acadêmico, citações e referências suscita preocupações éticas e metodológicas.

Diferente do que muitas pessoas (estudantes, docentes e influenciadores, por exemplo) propagam na mídia e nas redes sociais, o uso da inteligência artificial pode implicar na fabricação de dados, fontes inexistentes, referências artificiais, entre outros vários problemas – inclusive plágio.

Ou seja, o plágio é “somente” um dos diversos problemas causados pelo uso inadequado da inteligência artificial em pesquisas acadêmicas e estudos científicos.

Recentemente, eu publiquei um post no meu blog “Pesquisador Científico” com o título “8 razões para não usar inteligência artificial em pesquisas acadêmicas e estudos científicos”, sobre alguns dos problemas relacionados ao uso inadequado da inteligência artificial no contexto acadêmico e científico – sim, há outros problemas, sobre os quais abordarei em posts futuros. Recomendo que leiam atentamente o post supracitado.

Quando os pesquisadores tomam a decisão de utilizar a inteligência artificial para gerar conteúdo, citações e referências em pesquisas acadêmicas e/ou estudos científicos, automaticamente, este processo decisório compromete a integridade do material produzido (conteúdo, citações e referências).

A partir do momento em que a inteligência artificial é adotada para gerar conteúdo, citações e referências, os pesquisadores colocam a sua produção (acadêmica ou científica) sob risco. Motivo: ausência de legitimidade.

As plataformas de inteligência artificial não reproduzem, de maneira fidedigna, o conteúdo, as citações e as referências descritas nas obras originais (livro, artigo publicado em revista, dissertação de mestrado, tese de doutorado, artigo acadêmico, resumo expandido, etc.).

Do ponto de vista técnico, a inteligência artificial não possui consciência, intenção ou responsabilidade sobre o conteúdo que gera. Logo, quando utilizada como fonte primária de conhecimento, com o propósito de substituir o processo de pesquisa e a reflexão crítica dos autores, a tecnologia assume uma função inadequada e com altíssimo risco na construção do saber acadêmico.

A produção automatizada de citações falsas, por exemplo, representa uma violação dos princípios fundamentais da pesquisa científica, pois deturpa o processo de validação empírica e o rigor metodológico exigido em ambientes acadêmicos e científicos.

Isto significa que você deve evitar a utilização da inteligência artificial em qualquer circunstância no âmbito acadêmico e científico? Na minha modesta opinião, não.

Aliás, eu recomendo que você acompanhe a evolução tecnológica, e utilize todas as ferramentas que estiverem ao seu alcance com o objetivo de melhorar o seu desempenho e otimizar determinados processos. Mas, há aqui um ponto fundamental que você deve compreender: os pesquisadores (autores de livros, artigos científicos e pesquisas acadêmicas em geral) devem assumir, ininterruptamente, o protagonismo em suas pesquisas acadêmicas e estudos científicos. Novamente: ininterruptamente!

As ferramentas tecnológicas (coadjuvantes) devem servir aos pesquisadores (protagonistas), e não o contrário.

📌 Em breve, eu publicarei no meu blog “Pesquisador Científico” alguns exemplos de situações em que os pesquisadores podem utilizar a inteligência artificial como instrumento de apoio (função de coadjuvante, jamais de protagonista), sem risco de comprometer, de maneira negativa, o conteúdo, as citações e as referências.

Use a IA com responsabilidade e sempre confirme suas fontes. Se precisar de auxílio profissional, conte comigo!

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Mario Vittoria Filho
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